Existem alterações neurológicas no TDAH?
Muitos estudos científicos, morfométricos e de neuroimagem, têm sido realizados a fim de identificar se há algum tipo de alteração neurológica no TDAH. Por exemplo, Castellanos e colaboradores (2002) acompanharam ao longo do tempo crianças e adolescentes com TDAH utilizando imagens de ressonância magnética, nos quais as anormalidades volumétricas no cérebro e cerebelo persistem com o aumento da idade. O transtorno foi associado a uma redução de cerca de 3% no volume cerebral total e este decréscimo foi mais expressivo no cerebelo, não havendo relação com o uso ou não de medicação. Com exceção do núcleo caudado, as curvas longitudinais de crescimento das estruturas cerebrais se mantiveram praticamente paralelas às das crianças sem o transtorno, porém com valores menores, o que sugere que os sintomas neuropsiquiátricos parecem refletir insultos ou anormalidades neurobiológicas fixas e precoces.
As principais alterações encontradas em crianças e adolescentes foram reduções em volume, tanto no cérebro como um todo quanto de algumas áreas específicas, como o córtex pré-frontal, o núcleo caudado, o globo pálido, o cíngulo anterior e o cerebelo. Essas áreas estão diretamente ligadas ao controle de funções que estão prejudicadas no TDAH, como atenção, inibição de comportamento e outras funções executivas, como o planejamento e a memória de trabalho (Berquin et al, 1998; Castellanos et al, 2002; Seidman et al, 2006; Louzã-Neto, 2010)
Pesquisas recentes também têm verificado um atraso na maturação cerebral, especialmente em regiões pré-frontais, onde encontram-se a maior parte das anormalidades detectadas no TDAH, que estão ligadas às funções cognitivas (Shaw et al, 2007; Dopheide e Pliska, 2009; McLaughlin et al, 2010). Por isso, é comum observar que os indivíduos com TDAH preferem ou se relacionam melhor com pessoas mais jovens que sua própria idade, e crianças podem preferir brincar com crianças menores ou ter comportamentos mais infantis para sua idade.
O mapeamento das funções cognitivas em diferentes regiões do cérebro pode ajudar a entender o que há por trás do TDAH e melhor direcionar as estratégias de intervenção.