Reflexões sobre o manejo do TDAH durante a pandemia de Covid-19


O cenário atual que estamos enfrentando diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) está criando desafios sem precedentes em todos os níveis da sociedade. Indivíduos com transtornos do neurodesenvolvimento, como o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), são particularmente vulneráveis ao sofrimento causado pelas medidas pandêmicas e de distanciamento físico e podem exibir problemas comportamentais aumentados. Crianças, adolescentes e adultos com TDAH, suas famílias e profissionais de saúde estão sendo impactados pelas novas rotinas.

Considerando isso, o European ADHD Guidelines Group (EAGG) desenvolveu um guia para a avaliação e manejo do TDAH durante a pandemia de COVID-19 .  Para famílias com crianças com TDAH, o grupo recomenda o uso de estratégias comportamentais, porque elas têm efeitos benéficos na redução do comportamento opositivo desafiador, o que é comum no TDAH.

As diretrizes do EAGG destacam seis mensagens essenciais aos pais:

  1. Mantenha-se positivo e motivado: Não se deixe desanimar – nenhum pai ou mãe é perfeito – lembre-se de que pequenas mudanças podem realmente melhorar as coisas. Todos os dias, encontre tempo e espaço para fazer pequenas coisas que você goste. Compartilhe suas experiências com outros pais – através de recursos on-line ou ligue para seus amigos.
  2. Certifique-se de que todos os membros da família saibam o que é esperado deles: Estabeleça as regras da casa – e faça com que as crianças cumpram as regras. Mantenha regras simples – escolha as que realmente importam. Coloque as regras em um local visível para que todos possam vê-las. Os pais devem trabalhar juntos para que os filhos não joguem um dos pais contra o outro.
  3. Crie autoconfiança e confiança em seu filho:  As crianças agem e reagem pior se estiverem se sentindo inseguras ou ansiosas – reserve um tempo para ouvi-las. Dê muito feedback positivo às crianças – realize tarefas em conjunto, em que possam ser elogiadas. Façam coisas que vocês gostem em família – é uma oportunidade de elogiar e construir confiança.
  4. Ajude seu filho a seguir as instruções: Vá para o mesmo ambiente (sala, quarto, etc), remova as distrações e faça contato visual antes de dar uma instrução.  Fale devagar em frases simples curtas – uma ideia por frase. Seja educado, calmo, mas firme – não implore. O respeito gera respeito. Dê avisos ao pedir que seu filho pare algo que ele goste.
  5. Promova um melhor comportamento: Use recompensas para incentivar seu filho a seguir as regras. Use apenas sanções, por exemplo, tomando algo que seu filho valorize, como último recurso para desencorajar comportamentos realmente ruins. Deixe claro o que você está recompensando ou sancionando – não entre em debates. Não use punição corporal. Siga sempre o que promete. Registre as recompensas em um gráfico/desenho (algo visual) o mais rápido possível após a recompensa.
  6. Limite de conflitos: Mantenha seu filho ocupado e trabalhe de acordo com as rotinas – planeje todos os dias. Evite situações que provocam você ou seu filho. Distraia seu filho se ele começar a ficar chateado – fale sobre algo que ele goste ou ache engraçado. Se você está começando a reagir em excesso, respire fundo e recupere seus pensamentos antes de continuar. Crie um espaço tranquilo e seguro em casa, onde você ou seu filho possam se acalmar.

O documento também menciona que o tratamento farmacológico em indivíduos com TDAH, se clinicamente indicado e conforme recomendado nas diretrizes clínicas, deve ser iniciado, após a conclusão da avaliação inicial ou, se já estiver em uso de medicamentos, continuar de acordo com as recomendações médicas. Os pais de crianças com TDAH e adolescentes ou adultos com TDAH não devem fazer aumento de doses ou a adição de doses (além daquelas prescritas) para gerenciar uma crise ou estresse relacionado ao confinamento. A manutenção do acompanhamento a equipe médica e multidisciplinar, mesmo que à distância, é essencial nesse período.

 

 


2 Resultados

  1. Maria Carolina Sobottka disse:

    Gostaria de saber o ano dessa publicação para poder fazer a referência de forma correta. Obrigada!

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