O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) se caracteriza por três sintomas básicos: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Para se considerar a possibilidade do transtorno, esses sintomas devem se manifestar de forma frequente e persistente, além de trazer prejuízos para a vida do indivíduo.
Muitas pessoas se perguntam se o TDAH é uma doença. Para entender essa questão é preciso definir o que os termos “doença” e “transtorno” querem dizer. Ambos são condições médicas ou anormalidades que geram prejuízo ou risco de prejuízo, porém quando falamos em “doença” os processos etiológicos ou patológicos são conhecidos, ou seja, sabemos exatamente quais são os agentes causadores das alterações e conseguimos identificar marcadores biológicos para identificá-las. No caso dos “transtornos” esses processos são desconhecidos, o que torna a identificação e o diagnóstico apenas clínicos, ou seja, eles serão feitos através da contextualização dos sintomas baseada na história clínica.
O TDAH é um problema conhecido há muito tempo. As primeiras referências à hiperatividade e à desatenção na literatura não médica datam da metade do século XIX, quando ocorreu a publicação do livro de Henrich Hoffman, com histórias mostrando um comportamento infantil inadequado. A hiperatividade em crianças foi clinicamente descrita pela primeira vez em um jornal médico (Lancet) em 1902 por George Still. Esse transtorno apareceu com diferentes nomes ao longo do tempo, incluindo algumas denominações como “Lesão Cerebral Mínima”, “Reação Hipercinética da Infância”, “Distúrbio do Déficit de Atenção”, “Distúrbio de Hiperatividade com Déficit de Atenção”, “Transtornos Hipercinéticos”, e “Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade”. Às vezes ele ainda é chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).
Atualmente, o TDAH é reconhecido em muitos países e pelos mais importantes sistemas classificatórios, como a Organização Mundial de Saúde e a Academia Americana de Psiquiatria. Embora ainda existam algumas discussões sobre o diagnóstico de TDAH em certos meios, as evidências na literatura científica demonstram sua validade como um transtorno real.